Esta foi a última foto que fiz do meu avô. Quando a tirei, fiquei um bom tempo observando pelo visor da câmera sem muita reação.
Fiquei surpreso com a expressão do Vôvs no retrato. Como se pela forma como observava, soubesse ser a última vez que estava sentado na varanda de sua casa. Lugar onde passou uma vida inteira cuidando das plantas, de alguns bichos de estimação e onde sentado à beira do banco, refletia sobre tudo o que acontecia à sua volta.
Algumas pessoas afirmam coisas como: "Ah mas ele não entende mais nada não... Pode falar o que quiser na frente dele que ele não sabe de nada que tá acontecendo...".
A essas pessoas eu faço um convite para refletirem: Você acha mesmo que nesse olhar não tinha nada? Que ele não estava atento à nada do que lhe acontecia?
TUDO ESTAVA ALI, AINDA QUE EM ALGUNS MOMENTOS NÃO PARECESSE A gente não tem certeza do que é compreendido,
e nem que parte da experiência "VIDA" está comprometida.
A certeza que a gente precisa ter, é de que da nossa boca não saia nada que possa ferir a dignidade da pessoa com Alzheimer.
Saudades, Vôvs.
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